FRASE DO ANO...

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DA NOITE... NA NOITE... COM A NOITE...

Vem DA noite
Em silencio profundo
O açoite das lembranças
Das andanças
Das bonanças
e das destemperanças

Vem NA noite
O descanso das almas guerreiras
Das pelejas, dos caminhos, das barreiras
Das lutas, sozinhos

Vem COM A noite
A ânsia desenfreada
Dos homens atuantes
Postulantes
De um novo sol na manhã
Em busca de uma vida,
Só um pouquinho mais sã.

Donato César Pierini
Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2007
Código do texto: T396268

VEJO TRAÇOS...

Vejo traços
Passos, abraços
Pedaços
Nem sei de que
Nem sei de quem
Nem vejo você

Vejo fumaça
Que embaça
E ultrapassa
Limites, barreiras e além...

Vejo cegueiras, bobagens,
Paisagens e poentes
Mentes descrentes
Doentes,
Solitárias,
Deprimentes...

Debilitadas,
Presas a si, só !
Desatadas...

Desatinadas...

Dignas de pena...
Dignas de dó!


Donato César Pierini
Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2007
Código do texto: T396266

POETAR

Poetar
É simplesmente vagar
Pelas estradas da alma
Vadiar
Pelas belezas do coração

Poetar
É como desabrochar de flores
Encher ambientes de cores
Sentir odores e sabores

Poetar
Não é tão somente
Fazer versos ou rimar
Ou com palavras brincar...

Poetar
Não é só partir e voltar
É saber partir, voltando
E fazer voltar, partindo...

Poetar
É mais que fazer versos
É se iluminar, sem se acender
é transcender, sem transição...

Poetar
É aproximar-se da perfeição...

Donato César Pierini
Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2007
Código do texto: T396688

CUMPLICIDADE

Ah!
Não irás comigo no caminho,
se não andares com cuidado...

O caminho é longo, estreitinho,
de destino incerto, complicado.

Não serás companhia,
Se não me estenderes a mão,
quando me sentir cansado...

E nem serás também,
Se ao cansares, porém,
Não procurares meu asilo,
Naquilo que precisares...

Não me entenderás,
se não colocares o coração,
no mesmo compasso e jeito,
do que me bate no peito.

Não me enxergarás,
Se não mirares teus olhos,
Na direção do meu olhar,
E se ao olhares nos meus olhos
Neles, nem mesmo a ti, enxergar...

Não me sentirás ao teu lado,
Se num gesto de caridade,
Não entenderes os meus desvios,
E numa perfeita cumplicidade
Tal qual nas cumplicidades dos rios
Percorrendo os sulcos dos vales,
Olhar-me como um ser, não perfeito,
Desfeito as vezes, e em outras, refeito.

Só assim, poderás me abrir,
E em mim, invadir a privacidade
Só assim poderás suprir
As minhas e as tuas necessidades...

Só assim poderás me achar,
Para que, eu, enfim,
Possa te amar...

Donato César Pierini
Publicado no Recanto das Letras em 02/03/2007
Código do texto: T398800